"Até que horas dá?"


Hoje havia um filme em pleno céu: Eclipse parcial da poderosa Lua Cheia em Capricórnio.

Escolhi o meu local favorito para a ver nascer: foi só andar uns 500 metros da minha casa (que gente fina é outra coisa).

Pouco passava das 21 horas quando apareceu no horizonte: enorme, mas já parcial.

Fui à procura dela na igreja, como ontem, mas não apareceu. Andei, andei, pela povoação até que lá a voltei a descobrir, na rua onde nasci, já estava a menos de meio.

Uns metros abaixo, três pessoas de alguma idade conversavam sentadas à porta (o que eu adoro ver pessoas à noite sentadas à porta, como acontecia quando eu era criança, mas que raro é agora). Excitada com o espectáculo, disse-lhes: "Olhem é o eclipse da lua." Uma senhora muito engraçada, perguntou-me:

- Mas está a dar agora?

- Sim é agora.

- E até que horas dá?

Não sei se é uma maneira de falar que eu não conheço, se terá confundido o céu com a televisão, se simplesmente ela, tal como eu, faz dos céus uma das suas telas favoritas.

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