Amor pela água
As pessoas que me dizem "Cuidado!" quando digo e mostro que passeio pela Barragem do Pisão (em Beringel) e nela me banho, que dirão deste salto do meu filho para uma poça de água nunca antes vista, algures na Indonésia?
Está-nos no sangue este amor pela água.
Sei de em pequena me perder pelos campos e me banhar em tudo o que encontrava. Lembro-me de uma onda em Sines me ter derrubado, de me terem assustado com os hipotéticos malefícios de um lago e de ter levado uma sova depois de me deliciar num tanque de ovelhas.
Nada me fez ganhar medo. E assim que me fiz maior de idade, de polegar no ar lá rumei ao Gerês. Pelo caminho, dei-me a conhecer ao Lima e ao Cávado, e já chegada conheci o Homem, o Caldo e o próprio Gerês.
Daí para cá nunca mais parei. Trato por tu quase todos os rios da nossa terra e acrescentei-lhes diversas albufeiras.
Já o meu filho logo aos dois meses conheceu o Rio Alva, ali para os lados da Serra da Estrela, as piscinas da Lousã e não sei que mais, que já me não lembro, há tanto tempo foi.
Antes de aprender a nadar já saltava para tudo quanto era poça de rio e piscina. Claro que tinha sempre uns braços amorosos e seguros à sua espera. Assim, aprendeu a conhecer e a confiar nos leitos de água.
Em passeio pela Indonésia, levado por uma família local que o acolheu enquanto dava aulas de inglês, como voluntário, numa escola, a certa altura encontrou uma poça, como o calor era muito, tirou a camisola e saltou. Seguiram-se os outros voluntários e por fim imitaram-nos os alunos, mas esses de camisolas vestidas, como requer a ética muçulmana daquelas bandas.
Bom, estas narrativas sobre o meu filho, além do facto de eu ser uma mãe que quase que, aí sim, me afogo de babada que sou, são só para dizer que não é preciso ser temerária para entrar na Barragem do Pisão, é só preciso ter olhos para ver, pés para apalpar e o estômago vazio.
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