Xarope para tudo

O meu amado está doente vou preparar-lhe um xarope para tudo.

Abro as mãos, os braços vão atrás, aqueço o coração e peço que lhe envie sem parar amor enroscador, quente, tão saboroso.

Abro as mãos, os braços vão atrás, aconchega-se a barriga para receber a barriga do meu amado.

Páro sentindo os nossos ventres quentes, salivantes, enleando-se como se enleia o sangue nas veias.

Peço ao peito que receba o seu, mas são os mamilos que primeiro o fazem; depois cada mama, inteira, finalmente o peito e atrás dele todo o coração.

Os rostos tocam-se, tal como as coxas. As pernas entrelaçam-se. O sexo cresce-me, humedecido. O dele cresce orvalhando gotas que dizem ao meu: Vem, quero-te.

Vai durar toda a noite o vibrar deste xarope. Toda a noite vai durar o tratamento.

Hão-de ouvir-se gritos, murmúrios, gargalhadas, choros, silêncios.

Será o tratamento de tudo.


Amanhã ele acordará recuperado e se voltarmos a fechar as janelas é porque necessitámos de repetir a dose. Não para nos tratarmos de novo, mas porque queremos tratar-nos sempre.

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