Tenho dias Às vezes tenho sorrisos de orelha a orelha, outras vontade de ser só eu Tenho dias que não me calo E outros em que só me apetece calar Tenho dias que não tenho tempo para viver tudo E outros em que não me apetece viver Tenho dias em que as pessoas são todas boas E outros em que não há pessoas boas E cada dia é verdadeiro Cansa-me tanta ambiguidade nos dias Cansa-me tanto, que às vezes me apetece não ter dias
Quando eu estava gorda, estava gorda, era a primeira a dizê-lo. Pior mesmo foi quando me chamaram burra, feia, antipática e disseram que não servia para nada. Ainda era criança e acreditei. Creio que me “fiz” mesmo burra, feia e antipática para dar razão às minhas crenças (e às pessoas que mas impingiram). Foi preciso muita Psicoterapia, muito Grupo de Auto-Ajuda, muita Biodanza, muita Expressão Dramática, muita sabedoria ancestral, muito cuidar dos outros com sucesso e finalmente a Astrologia para me mostrarem que Sirvo Para Alguma Coisa, que Sou Inteligente… que se calhar até sou bonita… Até deixei de ser gorda…!!!! Já não vou em “waves” sejam de que espécie forem. São pura areia para os olhos, mesmo quando parecem muito justas, muito feministas, integralistas. Cheias de moral oca… Que julga e condena os outros e que faz o contrário do que apregoa.
Acordei, abri a janela de par em par e lá estava ela, a olhar para mim, a dar-me os bons dias. Fiquei tão feliz. Falou-me de paz, de harmonia de beleza, isto nestes dias em que o meu coração e pensamentos teimam em juntar-se à confusão lá fora. Demorei-me nela. Dia após dia foi-me dando os bons dias, sempre bela, sempre cheirosa, inspiradora. Ontem continuou a dar-me os bons dias, mas já sem a beleza anterior. Já cansada, um tanto gasta, a dizer-me: Está a chegar ao fim o meu tempo de vigor. Estou a ficar velha, ainda sinto, ainda cheiro, ainda te amo e gosto do teu amor, mas um destes dias transformo-me em estrela. O corpo fica aqui na terra e a luz junta-se às luzes sem corpo que há no céu. Porque, explicou-me ela, as rosas também se cansam de ser belas, também precisam de repousar em pura luz. As rosas, continuou, as pessoas, os pássaros, até os rios e as montanhas se vão cansando. Não adianta não querer morrer, até porque nunca se morre verdadeiramente, há sempre a luz que continu...
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