De volta a casa

A caminho do "grande lago"

A minha casa é em casa e o quintal é o grande lago e os campos em volta.

Posso ficar em casa andando pelos campos porque raramente aparece alguém e se aparecer são tantos os metros quadrados que o difícil mesmo é cruzarmo-nos perto.

A minha casa fica numa vila com menos de 2000 moradores. Mesmo a capital de distrito, a 11 km, tem menos de 30 mil.

Aqui os contágios são difíceis porque o campo é em muito mais abundância que as pessoas.

Já nas grandes cidades as pessoas não têm campos, vivem numa espécie de celas em cima umas das outras. Não sabem o que é respirar ar puro, ter silêncio, tranquilidade.


Pelo "meu quintal" selvagem

Nas cidades as pessoas perdem-se de si e depois, claro, adoecem. E como estão perdidas de si não sabem como recuperar das doenças. Tomam muitos comprimidos, fazem operações e deixam de fazer aquilo que lhes faz bem com medo que lhes faça mal, ficam mais tristes e, claro, mais doentes.

Para ser saudável é preciso ser feliz, comer bem, descansar, rir, amar, ser amado, fazer amor, andar na natureza e ter a profissão que se gosta.

Quem faz estas coisas não adoece e um dia morre de velho.

Quem não faz muitas destas coisas é triste, nem sabe quem é, tem medo de tudo, tranca-se para se defender mas é atacado na mesma porque o medo, juntamente com a raiva e a culpa, são os maiores inimigos das pessoas.

Barragem do Pisão, Beringel, Beja

Quem tem medo está feito. Não falo daquele medo que nos leva a tomar medidas para nos defendermos. Falo do outro, que nos leva a trancar, a ficar a tremer e mesmo assim não passa.

Quem tem medo é o primeiro a ser atacado (em geral, que isto leis universais não conheço nenhuma).

Bom, o meu quintal é a natureza toda aqui em volta, onde os meus companheiros são os pássaros e os peixes. Onde contemplo e converso com as plantas. O meu tecto é o céu.

Eu acho que cada vez mais gente há-de querer ter uma casa como a minha. Uma casa bem mais humana, uma vida com potencialidade para ser bem mais humana e plena que a vida nas cidades.

E digo potencialidade porque para aproveitar o que se tem é preciso ver e para ver é preciso aprender a ver.

(Olha que isto não é nenhum tratado sobre a verdade. É só aquilo que as flores me inspiraram.)

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