A caminho das estrelas

É da raiva que te escrevo,
Da incrível loucura que não dispenso,
Das vísceras,
Do coração que morde os pés e as pernas,
Me instiga para a frente,
Me mostra o fogo que me empurra, me não deixa desistir,
Me rodopia em chamas,
Me uiva,
Ri.

É do grito de vitória que te escrevo e digo
“PARTI. EU PARTI.”
Não fico mais contigo,
Não consigo,
És muito pequena.
Não caibo no teu espaço,
Nessa casca de ovo,
Rua da Betesga.
Eu, imenso Rossio unido ao Terreiro do Paço, sou Cacilhas ainda, Cristo Rei.
Como poderia caber nessa rua?

Parto. Eu parto.
Aceno-te.
Peço-te que não fiques triste, não desistas, não penses que morreste.
Só enlouqueceste perdida, paupérrima.
Mas a cura existe.
A cura existe sempre.

Parto.
Continuo em direcção às mães estrelas, eu que sou tão terra, tão água, tão sol, tão ar.
Volto para me unir de novo a esse pó que reside no céu.

Volto novamente, imensamente, infinitamente, eu.

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